Meritocracia não é um termo novo no mundo empresarial. A gestão meritocrática, que gratifica funcionários por seu desempenho e conduta, invadiu as empresas graças à globalização e hoje está acomodada na cadeira de milhares de gestores pelo país afora.
Nesta “aristocracia de talentos”, as empresas conseguem guardar para si os melhores profissionais, já que os recompensam e os estimulam a dar o melhor de si no ambiente de trabalho. Assim, a meritocracia impulsiona a competitividade e o aumenta a produtividade, fazendo com que a empresa cresça. Além disso, ela valoriza os resultados individuais e não somente os coletivos.
O Instituto Robert Half entrevistou 100 diretores financeiros de empresas que estão no Brasil e para 60% deles a cultura meritocrática é muito importante para suas organizações. Ambev, Natura e Magazine Luiza figuram no hall das companhias brasileiras adeptas ao modelo de valorização de mérito, a exemplo de empresas europeias e norte-americanas que converteram seus modelos de gestão à meritocracia. Na fabricante de cervejas e refrigerantes, por exemplo, os bônus aos profissionais que atingem a meta podem variar de 7 a 14 salários mínimos.
Mas, alguns estudiosos dizem que a cultura meritocrática brasileira ainda não valoriza nem o bom e nem o mau desempenho, apenas equaliza-os.
Assim, não importa o quanto o individuo se esforçou ou como alcançou aquele objetivo, o que importa apenas é o resultado. E o resultado precisa ser 100%, 98 ou 99% não dão direito a bônus e parabéns. Assim, a meritocracia se torna cruel em muitas organizações porque os números passam a ser o único medidor do trabalho do profissional. As empresas não se importam com o bem-estar familiar do colaborador, se ele quer ou não ser transferido, se ele está se alimentando devidamente para trabalhar tanto, se está dormindo o quanto é preciso.
Ao mesmo tempo em que a meritocracia faz a empresa avançar em produtividade, também transforma o funcionário em uma máquina de produzir resultados. Não se pode esconder que neste sistema o profissional é reduzido a um número. Se ele não bater a meta, não atingir o alvo, é cortado e fim. O profissional é esfolado até chegar ao resultado esperado, mesmo que isso signifique menos descanso, menos saúde, mais estresse e mais pressão.
A meritocracia humanista, novo conceito criado por mim, une os benefícios da gestão meritocrática, como o aumento da produtividade, a busca por resultados e a competitividade sadia com o cuidado com o profissional, que continua sendo recompensado por seus méritos, mas que também tem liberdade, tem opção de escolha, tem voz e não se torna escravo de seu próprio desempenho.
Criei este termo porque gestores devem entender que é possível apresentar oportunidade de crescimento, focar no resultado, mas preocupar-se com a parte humana de seu pessoal. Isto aproxima líder e liderado. Quando o gestor, empresário ou chefe está próximo de sua equipe, o diálogo aumenta, consequentemente, dando espaço à criatividade, à ousadia, ao espírito de equipe e às novas ideias.
Além disso, a meritocracia humanista gera motivação. O funcionário que se sente bem em trabalhar em uma organização que se preocupa com seu bem-estar não vai sair dela, a não ser que o demitam. Funcionários motivados produzem mais. Logo, a produtividade não fica a cargo da competição, mas da motivação.
Fora isso, a gestão humanista gera na equipe uma nova forma de pensar a lucratividade, que passa a ser um meio e não o fim. Desta forma, os colaboradores entendem que seu próprio bem-estar, e não apenas o da empresa, depende de seu trabalho e, por isso, se empenham mais.
Portanto, vale a pena aderir à meritocracia humanista como forma de gestão de pessoas. Além de funcionários motivados, isto também lhe trará um ambiente de trabalho mais agradável, abrirá novos caminhos para sua empresa e garantirá competitividade, produtividade e lucratividade. E isto não é utópico, é real e possível de ser implantado em qualquer empresa que esteja disposta a valorizar a individualidade de seu pessoal.